SOBRE O VÍCIO DA IMPUREZA
“São Jerônimo diz que o vício da impureza, quando se torna habitual, cessará somente quando o infeliz pecador for lançado, com prazer nesse vício, no fogo do inferno:
“Ó fogo infernal da luxúria, cujo combustível é o olhar, cujas faíscas são conversas passageiras, e cujo fim é o inferno.”
O libidinoso se torna como o abutre, que prefere esperar ser morto pelo caçador a abandonar a carniça dos cadáveres dos quais se alimenta.
Foi isso o que aconteceu com uma jovem que, após viver em estado habitual de pecado com um rapaz, caiu doente e pareceu se converter.
Na hora da morte, pediu permissão ao seu confessor para mandar chamar o jovem, a fim de exortá-lo a mudar de vida à vista de sua morte. O confessor, com muita imprudência, concedeu-lhe a permissão e lhe ensinou o que deveria dizer ao seu cúmplice no pecado.
Mas ouça o que aconteceu:
Assim que o viu, ela se esqueceu de sua promessa ao confessor e da exortação que deveria dar ao jovem. E o que fez? Endireitou-se, sentou-se na cama, estendeu os braços para ele e disse:
“Amigo, sempre te amei, e até agora, no fim da minha vida, continuo a te amar. Vejo que por tua causa irei para o inferno, mas não me importo. Estou disposta, por amor a ti, a ser condenada.”
Depois dessas palavras, caiu de costas na cama e expirou.
Esses fatos são relatados pelo Padre Segneri.
Oh! Quão difícil é para uma pessoa que contraiu o hábito desse vício emendar-se e retornar sinceramente a Deus! Quão difícil é para essa pessoa abandonar o hábito que a conduz ao inferno, como essa infeliz jovem de quem acabo de falar.”
Os vícios da impureza,
Santo Afonso Maria de Ligório