Jornal Rádio Santa Filomena
Deus abençoe!
31 de outubro de 2025
O Batismo das Crianças: Porta da Graça e Filiação Divina
“Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” (Jo 3,5)
Introdução
A Santa Igreja Católica, desde os Apóstolos, sempre ensinou que o Batismo é necessário para a salvação. É o primeiro dos sacramentos, a porta da graça e o meio pelo qual o homem nasce para a vida sobrenatural.
O próprio Cristo instituiu este sacramento, dizendo:
“Ide, pois, e ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28,19)
O Batismo não é mera formalidade ou “símbolo de fé”, como dizem alguns protestantes, mas um ato eficaz, que lava o pecado original, faz do homem filho de Deus e membro da Igreja.
✝️ A Doutrina Católica Tradicional
1. O Catecismo Romano (Concílio de Trento)
O Catecismo do Concílio de Trento ensina claramente:
“O Batismo é o Sacramento da regeneração pela água e pela palavra. Por ele renascemos filhos de Deus e libertos do poder das trevas.”
(Catecismo Romano, Parte II, cap. II, n. 2)
E mais:
“Como ninguém pode entrar na vida eterna sem renascer em Cristo, o Batismo é absolutamente necessário à salvação.”
(Catecismo Romano, Parte II, cap. II, n. 7)
Portanto, sem o Batismo, o homem não pode ser chamado filho de Deus, pois ainda carrega em si o pecado original herdado de Adão.
2. O Catecismo de São Pio X
São Pio X, o Papa da Catequese, ensina de modo simples e direto:
Pergunta: O que é o Batismo?
Resposta: O Batismo é o Sacramento que apaga o pecado original, nos faz cristãos, filhos de Deus e membros da Igreja.
(Catecismo de São Pio X, Parte II, cap. 1)
Pergunta: Devem ser batizadas as crianças?
Resposta: Sim, porque, embora não tenham pecados pessoais, têm o pecado original.
(Idem)
Assim, a criança não batizada não é ainda filha de Deus por adoção, mas criatura d’Ele pela criação natural. Só o Batismo concede a graça santificante e a filiação divina.
️ A Necessidade do Batismo das Crianças
A Igreja sempre batizou as crianças desde os primeiros séculos, como testemunham os Padres da Igreja:
-
Santo Irineu (séc. II): “Cristo veio salvar todos: bebês, meninos, jovens e velhos; por isso santifica também as crianças.”
-
Santo Agostinho: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar o Batismo também às crianças.” (De Genesi ad litteram, X, 23)
A razão é simples: as crianças também precisam ser libertas do pecado original, mesmo não tendo cometido pecados pessoais.
“Todo homem nasce manchado pelo pecado original; é necessário que renasça pela água e pelo Espírito Santo.”
(Jo 3,5)

Referências Bíblicas sobre o Batismo das Crianças
1. João 3,5
“Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.”
Jesus não faz distinção de idade.
A expressão “quem não nascer da água e do Espírito” é universal — abrange adultos e crianças.
Santo Agostinho comenta:
“Se o Senhor não fizer exceção, quem ousaria excluí-las do Batismo e da salvação?”
(Contra Julianum, V, 4)
2. Mateus 28,19
“Ide, pois, e ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
O mandamento de Cristo é para todas as gentes (todas as nações), o que inclui pessoas de todas as idades.
Santo Pedro Crisólogo escreveu:
“Nenhum homem nasce cristão: torna-se cristão pelo Batismo.”
3. Atos dos Apóstolos 2,38-39
“Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos pecados... Pois a promessa é para vós e para os vossos filhos.”
Aqui São Pedro anuncia o Batismo como promessa também aos filhos dos crentes.
O Catecismo Romano (Concílio de Trento) cita este texto ao explicar o Batismo infantil, afirmando que “a promessa do Batismo abrange igualmente as crianças, pois também elas precisam ser libertas do pecado original.”
4. Atos 16,15
“Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa...”
Refere-se a Lídia, vendedora de púrpura.
A palavra “casa” (domus), usada várias vezes nos Atos, indica toda a família, inclusive os filhos.
A Igreja primitiva entendeu esses “batismos de casa inteira” como abrangendo crianças.
5. Atos 16,33
“Naquela mesma hora da noite, o carcereiro foi batizado, ele e todos os seus.”
Outro exemplo de Batismo familiar.
Nada indica que todos eram adultos; pelo contrário, o texto mostra a prática coletiva e imediata do sacramento, sem exclusões por idade.
6. 1 Coríntios 1,16
“Batizei também a casa de Estéfanas...”
Mais uma referência ao Batismo de toda uma família, sem distinção.
Os Padres da Igreja, como Orígenes e Santo Agostinho, sempre citaram esse versículo como prova do Batismo infantil.
7. Colossenses 2,11-12
“Em Cristo fostes circuncidados... tendo sido sepultados com Ele no Batismo.”
São Paulo compara o Batismo à circuncisão, que no Antigo Testamento era feita em bebês de oito dias.
Logo, se o Batismo é a nova circuncisão espiritual, também deve ser conferido às crianças.
Santo Agostinho escreve:
“A circuncisão dava o ingresso no povo de Deus; o Batismo dá ingresso na Igreja. Assim como o menino era circuncidado, também deve ser batizado.”
(Contra Donatistas, IV, 24)
8. Marcos 10,13-16
“Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais, porque delas é o Reino de Deus.”
Embora não fale de Batismo diretamente, este trecho mostra o desejo de Cristo de acolher as crianças e dar-lhes a graça.
A Igreja sempre entendeu que o modo de levá-las a Jesus é pelo Batismo.
O Catecismo de São Pio X cita este versículo para exortar os pais:
“As crianças devem ser batizadas o quanto antes, para que não lhes seja impedida a entrada no Reino de Deus.”

⚔️ Refutação aos Argumentos Protestantes
️ Argumento 1: “A criança não entende, então não pode ter fé.”
Resposta:
A fé do Batismo não é apenas a fé pessoal, mas a fé da Igreja.
Como ensina o Concílio de Trento (Sess. VII, cân. 13):
“Se alguém disser que as crianças, por não terem o uso da razão, não devem ser batizadas... seja anátema.”
A Igreja crê em nome da criança, assim como um adulto pode crer em nome de um doente que não pode falar.
️ Argumento 2: “O Batismo não salva; é só um símbolo da fé.”
Resposta:
Cristo mesmo declarou:
“Quem crer e for batizado será salvo.” (Mc 16,16)
O Batismo opera o que significa: apaga o pecado, infunde a graça e insere na Igreja.
O Concílio de Trento (Sess. VII, cân. 8) condena quem diz que o Batismo “é só um sinal externo sem eficácia”.
️ Argumento 3: “Jesus não batizou crianças.”
Resposta:
Também não há registro de que Ele proibisse, e o próprio Cristo disse:
“Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus.” (Mt 19,14)
A Igreja primitiva, guiada pelo Espírito Santo, sempre compreendeu isso como mandato de incluir também os pequenos.
O Mistério do Limbo
Antes do Vaticano II, a teologia católica ensinava — com base na razão e na Tradição — a existência do limbo das crianças, um estado de felicidade natural, sem dor, mas sem a visão beatífica de Deus, reservado àquelas que morrem sem o Batismo, mas sem culpa pessoal.
O Catecismo Romano (Concílio de Trento) diz:
“As almas que morrem em pecado original apenas, sem culpa atual, vão a um lugar onde não sofrem penas sensíveis, mas são privadas da visão de Deus.”
(Parte I, cap. 6, § 3)
Assim, o limbo não é inferno de tormentos, mas uma consequência da ausência da graça santificante que só o Batismo pode conferir.
Conclusão: Do nascimento natural ao nascimento espiritual
Todo homem nasce criatura de Deus.
Mas para ser filho de Deus pela graça, é necessário o Batismo.
“A todos os que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo 1,12)
Por isso, a Igreja sempre exorta os pais católicos: não retardem o Batismo de seus filhos!
Negar-lhes esse sacramento seria privá-los da filiação divina e do céu.
Fontes e Referências
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Catecismo Romano (Concílio de Trento) – Parte II, Cap. II
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Concílio de Trento, Sessão VII – Cânones sobre o Batismo
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Catecismo de São Pio X, Parte II, Cap. I
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Santo Agostinho, De Peccatorum Meritis et Remissione
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Santo Irineu, Adversus Haereses
-
Sagrada Escritura: Jo 3,5; Mt 28,19; Mc 16,16
Conclusão
Todas essas passagens, vistas à luz da Tradição Apostólica e do magistério constante, mostram que o Batismo infantil é vontade de Cristo e prática desde os primeiros séculos.
“A Igreja recebeu dos Apóstolos o mandato de batizar também as crianças.”
— Santo Agostinho, De Genesi ad Litteram, X, 23
️
Feito por: Lucas de O. Campos
Rádio Santa Filomena
“Deus abençoe!”
