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Matéria Especial: Os Erros e Perigos dos Arautos do Evangelho — Aparência de Santidade, Mas Desvio da Fé
Por Lucas de Oliveira Campos
Introdução
Surge no Brasil um movimento que, sob aparência de piedade e tradição, esconde doutrinas e práticas alheias à fé católica: os Arautos do Evangelho, fundados por João Scognamiglio Clá Dias, antigo discípulo de Plínio Corrêa de Oliveira, da Tradição, Família e Propriedade (TFP).
Com aparência de ordem, cânticos sacros e vestes medievais, o grupo ganhou simpatia entre católicos conservadores.
Contudo, por trás do verniz religioso, encontramos doutrinas secretas, exaltação de pessoas e práticas condenadas pela Igreja de sempre.
A Rádio Santa Filomena — fiel à doutrina católica tradicional e aos catecismos anteriores ao Vaticano II — apresenta e refuta aqui os principais erros desse movimento, à luz da Tradição, da Escritura e do Magistério perene.
1 – Culto Secreto a Plínio, Dona Lucília e João Clá
Relatos de ex-membros confirmam que dentro do grupo há veneração exagerada — e até adoração simbólica — a Plínio Corrêa de Oliveira, sua mãe Dona Lucília e o próprio João Clá Dias.
Esses três são tratados como uma espécie de “trindade profética”, o que é uma blasfêmia contra o dogma da Santíssima Trindade.

O Catecismo Romano (Concílio de Trento, Parte III, cap. II, §1) ensina:
“Adorar é reconhecer Deus como Criador e Senhor de todas as coisas. A Ele só se deve culto de latria. A quem o presta às criaturas, ainda que seja aos santos, comete idolatria.”
E o Catecismo de São Pio X (III, 30) confirma:
“Não devemos adorar senão a Deus, porque só Ele é o Criador e o Senhor de todas as coisas.”
Atribuir culto, louvor ou poder salvador a pessoas humanas é idolatria disfarçada de devoção, erro que repete o pecado dos pagãos.
2 – “Revelações Demoníacas” e Exorcismos Heréticos
Em gravações tornadas públicas, João Clá e seus discípulos invocam supostos demônios em rituais, e os espíritos malignos afirmam que “Plínio está à direita da Virgem” e que “João Clá reinará sobre o Vaticano”.
Dar crédito à palavra do demônio é contrário à doutrina católica.
O Catecismo Romano (Parte II, cap. VIII) ensina:
“Os demônios são mentirosos e enganadores, e nada dizem que não tenha por fim a perdição das almas.”
E o Papa Leão XIII, na encíclica Humanum Genus (1884), adverte:
“Os filhos das trevas procuram enganar os simples com aparências de piedade; mas, sob capa de religião, semeiam o erro.”
Portanto, usar o demônio como “testemunha da santidade” é engano diabólico, condenado desde os primeiros séculos da Igreja.
3 – Doutrinas Secretas e Hierarquia Oculta
Nos Arautos existem níveis secretos de “iniciação espiritual” e doutrinas reservadas aos mais próximos do fundador.
Mas a fé católica é pública e universal, não oculta.
O Concílio de Trento (Sessão IV) declara:
“O Evangelho, que é fonte de toda verdade salutar, foi pregado abertamente por Cristo e pelos Apóstolos.”
E São Pio X, na encíclica Pascendi Dominici Gregis (1907), condena o modernismo e o esoterismo religioso:
“A verdadeira religião não é produto de sentimento interno, nem de segredos particulares, mas revelação divina confiada ao Magistério visível da Igreja.”
Logo, qualquer “ensino oculto” é característica de seita, não da Igreja Católica.
4 – Obediência Cega a Superiores
O grupo impõe obediência total e inquestionável a seus líderes, mesmo em ordens abusivas.
Isso contradiz o princípio cristão da obediência iluminada pela razão e pela fé.
O Catecismo de São Pio X (III, 127) ensina:
“Deve-se obedecer aos superiores legítimos quando ordenam o que é conforme à lei de Deus; quando mandam o contrário, não se deve obedecer.”
E São Pedro proclamou:
“É preciso obedecer a Deus antes que aos homens.” (At 5,29)
A “obediência cega” é instrumento de manipulação, não virtude cristã.
5 – Superstição e Falsas Devoções
O uso de orações inventadas, objetos “místicos” e promessas automáticas de salvação é superstição condenada.
O Catecismo Romano (III, cap. II, §14) ensina:
“Comete superstição quem atribui eficácia divina a práticas não instituídas por Deus ou pela Igreja.”
E Pio XII, em Mediator Dei (1947), advertiu:
“Não se deve introduzir na liturgia formas privadas e novidades que obscureçam o verdadeiro culto a Deus.”
Portanto, as práticas inventadas pelos Arautos — escapulários próprios, exorcismos secretos e consagrações estranhas — são abusos litúrgicos e supersticiosos.
6 – Falsa Devoção a Nossa Senhora
A autêntica devoção mariana, ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, conduz sempre a Cristo, nunca a si mesma.
Os Arautos, porém, utilizam o nome da Virgem para exaltar o fundador e suas revelações particulares.
O Papa Pio XII, em Ad Caeli Reginam (1954), declarou:
“A verdadeira devoção a Maria consiste na imitação de suas virtudes e na obediência a seu Filho Divino.”
E o Catecismo de São Pio X adverte:
“Devemos amar e invocar a Santíssima Virgem, não como deusa, mas como Mãe de Deus e medianeira junto de seu Filho.”
Logo, o uso do nome de Maria para justificar doutrinas estranhas é profanação de sua santidade.
7 – Orgulho e Exclusivismo Espiritual
O grupo se apresenta como “único fiel à Igreja”, desprezando outros católicos.
Mas o Papa Pio XI, em Mortalium Animos (1928), ensina:
“A Igreja é una, visível e hierárquica; fora dela, nada pode haver de legítimo ministério.”
A crença de que “só os Arautos” são os verdadeiros católicos revela orgulho espiritual, pecado condenado por todos os santos.
8 – Riqueza, Poder e Ostentação
Apesar do voto de pobreza aparente, o movimento acumula bens e propriedades.
São João Crisóstomo já advertia:
“Não é pecado possuir, mas é pecado não partilhar.”
E o Catecismo de Trento lembra:
“As riquezas são dons de Deus, mas tornam-se ocasião de pecado quando desviam o coração da caridade.”
A ostentação contradiz o exemplo dos santos fundadores e do próprio Cristo, que “não tinha onde reclinar a cabeça”.
9 – Desobediência ao Magistério
Os Arautos se colocaram em oposição às ordens do Vaticano e de bispos locais.
O Papa Pio IX, na encíclica Quanta Cura (1864), ensina:
“Aquele que não obedece aos legítimos pastores, nem ouve a Igreja, não pertence ao rebanho de Cristo.”
A resistência sistemática à correção da Igreja é sinal de rebeldia herética, não de zelo católico.
10 – Refutação Geral à Luz da Tradição
Todos esses erros contradizem os fundamentos do Catolicismo pré-Vaticano II:
O Primeiro Mandamento proíbe toda idolatria;
O Concílio de Trento defende o culto público e visível, sem segredos;
O Catecismo de São Pio X ensina obediência à Igreja e rejeição de novidades doutrinais;
Pio XII e Pio XI advertem contra falsas devoções e esoterismos.
Os Arautos e o Espírito das Seitas Modernas
Embora os Arautos do Evangelho não tenham ligação direta com grupos protestantes como as Testemunhas de Jeová, há semelhanças notáveis na forma de controle psicológico e espiritual que exercem sobre seus membros.
Nos dois casos, existe uma autoridade central absoluta, cujas ordens não podem ser questionadas. Entre os Arautos, João Clá e seus líderes têm a palavra final sobre todos os assuntos; entre as Testemunhas de Jeová, essa função pertence ao chamado Corpo Governante, em Nova York.
Há também o mesmo controle sobre a consciência dos fiéis: são ensinados a obedecer cegamente aos superiores, sem pensar ou discernir por conta própria. Assim como os membros das Testemunhas de Jeová, os adeptos dos Arautos são desaconselhados a conviver com pessoas “do mundo” e passam a viver isolados, principalmente os jovens que residem nas casas da instituição.
Outro ponto preocupante é a criação de doutrinas próprias e interpretações exclusivas, baseadas em supostas revelações particulares sobre Plínio Corrêa de Oliveira, Dona Lucília e o próprio João Clá.
Entre as Testemunhas de Jeová, ocorre o mesmo com as interpretações bíblicas particulares impostas por seu corpo dirigente.
Nos dois grupos há um culto exagerado às figuras de seus líderes, tratados como infalíveis ou escolhidos diretamente por Deus, e ambos utilizam o medo e o castigo espiritual como meio de dominação. Entre os Arautos, fala-se na perda da “proteção divina” para quem se afasta; entre as Testemunhas de Jeová, ameaça-se com a destruição no Armagedon.
Essas semelhanças de comportamento e estrutura são típicas de movimentos sectários, mesmo quando o conteúdo religioso é diferente. Em todos eles, o medo espiritual é usado como instrumento de obediência, e a liberdade interior dos fiéis é substituída por uma dependência cega e emocional dos dirigentes.
O Papa Pio IX, na encíclica Quanta Cura (1864), já advertia contra esse tipo de manipulação espiritual:
“O erro é disfarçado com aparência de verdade, e o poder humano se ergue como senhor das consciências.”
E o Catecismo Romano, do Concílio de Trento, ensina:
“A fé deve ser livre, nunca forçada; e toda obediência que oprime a consciência não é virtude, mas servidão.”
Portanto, mesmo não tendo uma ligação formal com seitas protestantes, os Arautos do Evangelho reproduzem os mesmos métodos de dominação psicológica e espiritual, o que exige prudência, vigilância e discernimento por parte dos católicos verdadeiramente fiéis à Tradição.
Esses princípios mostram que o movimento dos Arautos, embora use linguagem católica, introduz um espírito sectário, autoritário e supersticioso, afastando-se da fé verdadeira.

Mas há semelhanças de seita com as Testemunhas de Jeová
Mesmo sem ligação formal, os métodos de controle e manipulação são muito parecidos:
Aspecto Arautos do Evangelho Testemunhas de Jeová
Autoridade central absoluta João Clá e líderes têm palavra final e inquestionável Corpo Governante de Nova York dita toda a doutrina
Controle da consciência Fiéis são ensinados a obedecer cegamente aos superiores Fiéis não podem pensar nem interpretar por si mesmos
Doutrinas próprias Supostas revelações sobre Plínio e João Clá Interpretações exclusivas da Bíblia
Afastamento da família e sociedade Jovens vivem isolados em casas dos Arautos Fiéis são desencorajados a conviver com “mundanos”
Culto à figura de líderes Exaltação de Plínio, Dona Lucília e João Clá Corpo Governante é tratado como infalível
Medo e castigo espiritual Ameaça de perder “proteção divina” se sair Ameaça de destruição no Armagedon se abandonar o grupo
Essas semelhanças comportamentais e psicológicas são típicas de movimentos sectários, mesmo quando o conteúdo religioso é diferente.
Católicos de boa fé, guardai-vos dos falsos profetas.
O demônio se disfarça de anjo de luz (2 Cor 11,14).
Não vos deixais enganar por aparências de santidade ou por promessas de poder espiritual.
A verdadeira Igreja é simples, obediente e fiel à Cruz de Cristo.
“Por seus frutos os conhecereis.” (Mt 7,16)
Rezem pela conversão dos enganados e pela purificação da Igreja.
Que São Pio X, defensor da verdadeira fé, interceda por todos os fiéis confundidos por falsas devoções.
Conclusão
Os Arautos do Evangelho representam um perigo espiritual por misturarem tradição aparente com doutrina corrompida.
A verdadeira fidelidade à Igreja não se mede por uniformes, castelos ou rituais secretos, mas pela obediência à Verdade revelada e aos pastores legítimos.
A Rádio Santa Filomena reafirma seu compromisso:
defender a fé católica tradicional, instruir os fiéis na doutrina dos santos e preservar o depósito da fé contra toda seita disfarçada de piedade.
“Ficai firmes e guardai as tradições que aprendestes.” (2Ts 2,15)
Rádio Santa Filomena
Matéria Especial: Os Erros e o Culto Secreto dos Arautos do Evangelho.
✍️ Por Lucas de Oliveira Campos
️ Baseada nos Catecismos de Trento e de São Pio X, e nas Encíclicas dos Papas anteriores ao Vaticano II.